Aumentar a presença feminina em formações e cargos nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática (STEM) ainda é um dos grandes desafios para assegurar mais equidade de gênero no Brasil. Com essa proposta, foi criado, em 2011, o Futuras Cientistas, programa do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE) que incentiva meninas e mulheres a ingressarem nesses ramos de estudo e atuação, em parceria com instituições de ensino e pesquisa e centros tecnológicos, a exemplo do Observatório da Indústria Ceará.
Pelo segundo ano consecutivo, a organização cearense participa da iniciativa nacional, contribuindo com a oferta de conhecimento a alunas da rede pública cearense e promovendo a igualdade entre homens e mulheres no campo científico.
Nesta edição, assim como em 2024, o Observatório da Indústria teve aprovado, entre diversas propostas inscritas por organizações de todo o Brasil, o projeto “Educação financeira na trilha do conhecimento”, cuja ideia é apresentar conceitos de finanças e produção científica às participantes.
Seis estudantes do Ensino Médio de Fortaleza, Palmácia, Tamboril e Guaramiranga foram selecionadas pelo CETENE para integrar a ação, e, durante todo o mês de janeiro, participaram de aulas e oficinas sobre conteúdos de economia, educação financeira, orçamento e gastos pessoais, investimentos, finanças comportamentais, iniciação científica e entre outros temas.
Ao mesmo tempo, conheceram histórias inspiradoras de mulheres que se destacam na ciência e no ambiente corporativo, com palestras das próprias profissionais do Observatório da Indústria Ceará.
“Nosso corpo de profissionais é majoritariamente feminino. Por isso, priorizamos mostrar como é importante o trabalho dessas mulheres no Observatório da Indústria, que é um espaço de tecnologia, inteligência de dados e informação, e mostrar como elas chegaram até aqui”, explica Ohanna Fraga, Especialista em Inteligência Competitiva do Observatório e uma das mentoras do projeto.
A escolha do Observatório para duas edições seguidas do Futuras Cientistas, afirma Ohanna, é a validação do trabalho realizado e prova da relevância do conhecimento desenvolvido dentro da instituição para a sociedade.
“Para nós, como organização, é muito importante participar de projetos de responsabilidade social como esse. Muitas dessas meninas não têm noção de onde elas podem chegar, e a gente apresenta aqui a história de mulheres que vieram de realidades completamente distintas, muitas vezes não favorecidas, e que chegaram a uma graduação, um mestrado e um doutorado, e hoje trabalham aqui”, afirma Ohanna.
Samile, Mariana, Gabrielle, Renata, Elisabete e Ana Luiza - as seis participantes - acreditavam que a ciência era apenas objeto de estudo nos livros da escola. Aos 16 anos de idade, as estudantes se inscreveram no projeto por incentivo de professoras, com o intuito de aprender noções de educação financeira. Após entrarem no programa, no entanto, as adolescentes passaram a ver na ciência não apenas uma carreira, mas uma oportunidade de transformação social.
“Nós estávamos muito limitadas a um tipo de ciência, que era a do colégio. Mas aqui nos mostraram que ciência não é só laboratório e não é só para homens. Quando chegamos em um ambiente como o Observatório, em que a maioria das pessoas trabalhando são mulheres, foi uma inspiração muito grande”, disse Gabrielle Máximo, estudante do município de Guaramiranga.
As estatísticas do programa revelam o seu sucesso. Entre 2012 e 2021, 87% das ex-participantes do Futuras Cientistas iniciaram graduação em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Destas, 10% ingressaram em programas de pós-graduação e, em 2024, 4% atuavam como pesquisadoras nessas áreas.
Por meio do programa Futuras Cientistas, o Observatório da Indústria Ceará estimula a inclusão social e a equidade de gênero dentro do campo da Ciência, contribuindo na oferta de conhecimento para a sociedade e na formação de adolescentes da rede pública do estado.