O Brasil é um verdadeiro “caldeirão” de talentos, ciência, tecnologia e inovação, concordam? Mas como saber onde estão os trunfos de cada região e como potencializá-los?
Na busca incessante por inovação e desenvolvimento econômico, a identificação e a consolidação dos ativos de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) tornam-se cruciais para impulsionar o progresso em diversas esferas (sociais, ambientais e econômicas) e regiões do Brasil. O mapeamento desses ativos em âmbito nacional é uma estratégia relevante para apoiar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação industrial, identificar obstáculos, potenciais e temas específicos em níveis setoriais e territoriais, além de impulsionar a diversificação da matriz industrial e promover o desenvolvimento sustentável.
Mas o que são “Ativos”? Os Ativos de CT&I referem-se aos elementos tangíveis e intangíveis que contribuem para o avanço e a aplicação do conhecimento científico e tecnológico e para processos de inovação, como laboratórios, incubadoras, aceleradoras, centros de pesquisa e inovação, patentes, investimentos públicos e privados destinados a financiar pesquisas, dentre outros.
O mapeamento de Ativos de CT&I representa uma iniciativa estratégica de grande relevância para impulsionar o desenvolvimento e a colaboração no campo da inovação no Brasil, promover parcerias, identificar competências regionais e até mesmo direcionar investimentos de maneira mais eficaz. Ao identificar, catalogar e analisar os recursos existentes, estabelece-se uma base sólida para a tomada de decisões informadas, contribuindo para o progresso em diversas frentes.
A diversidade geográfica bem como as áreas de interesse do Brasil são vastas, refletindo a riqueza e a complexidade das questões e dos desafios que o país enfrenta, assim como as oportunidades e os potenciais em vários contextos. O mapeamento de ativos possibilita a identificação da vocação de cada região, facilitando a alocação estratégica de recursos e impulsionando o desenvolvimento local e regional de maneira mais direcionada. Além disso, ao entender a distribuição dos ativos de Ciência, Tecnologia e Inovação, torna-se possível promover parcerias e colaborações entre instituições de pesquisa, empresas e órgãos governamentais. Esse ambiente colaborativo propicia compartilhar conhecimentos e recursos, gerando sinergias que potencializam a inovação de maneira coletiva.
Adicionalmente, a identificação de clusters de inovação, das universidades e seus laboratórios e dos centros de pesquisa, na condição de fortes agrupamentos geográficos, é fator adicional de incentivo à pesquisa, que é fomentada com maior relevância pela proximidade entre os atores. Esse estímulo não apenas contribui para o avanço do conhecimento, mas também resulta na geração de soluções inovadoras para desafios locais e globais, fortalecendo a posição do Brasil como um polo de excelência em setores específicos, desenvolvendo assim novas vocações regionais construídas por meio de diferenciais competitivos de difícil imitação.
Em um contexto mais amplo, o mapeamento pode auxiliar na criação de políticas públicas mais eficientes, direcionando esforços e recursos de maneira alinhada com as necessidades ou potencialidades, dada a vocação de cada região. Além disso, pode corrigir assimetrias de informação, elevando o conhecimento de centros de excelência de PD&I que muitas vezes não são encontrados com facilidade pelas indústrias brasileiras que buscam parceiros para inovar.
Em resumo, a identificação dos ativos de CT&I é uma estratégia-chave para o desenvolvimento econômico, não apenas ao proporcionar avanços tecnológicos, mas também ao fortalecer a base para uma economia mais resiliente, dinâmica e orientada para o futuro.
Entendendo a relevância dessa temática para o desenvolvimento econômico do país, o Sistema Indústria, por meio da Rede de Observatórios (CNI) e do Observatório Nacional da Indústria, e execução do Observatório da Indústria do Ceará, está dando um salto na divulgação de informações georreferenciadas sobre ativos de ciência, tecnologia e inovação do país a partir do “Atlas da Inovação”, ferramenta que será lançada nos próximos meses, cujo objetivo é tornar-se uma fonte robusta para a consulta de indicadores relevantes relacionados à inovação, além de contribuir para a compreensão e o aprimoramento de iniciativas nessa temática.
Lais Marques Moreira
Especialista em Prospectiva Estratégica