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    17 de setembro de 2024

    O novo Mapa da Inovação do Brasil


    Foi recentemente lançado o Atlas da Inovação, resultado da iniciativa da Rede de Observatórios, do Observatório Nacional da Indústria e do Observatório da Indústria do Ceará, trazendo um novo panorama sobre a visualização e a integração dos dados de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no Brasil. Esse projeto reúne e converge, pela primeira vez, um expressivo volume de dados que são relevantes para o planejamento e o fomento das conexões necessárias para a inovação.

    Tal iniciativa representa um passo significativo no mapeamento dos dados de inovação em escala nacional. O volume chama atenção, pois são mais de 140 mil registros mapeados[1], em relação aos quais eu gostaria de ressaltar um aspecto importante para os temas relativos à inovação, que diz respeito à abordagem locacional (ou georreferenciada). No caso do Atlas da Inovação, a centralidade do mapa traz contexto ao dado apresentado e mostra-se valoroso como critério de decisão e identificação dos ecossistemas locais/regionais a partir de diferentes dimensões dos dados (habitats de inovação, empresas com potencial inovador e instituições de ensino superior).

    Quando se fala de inovação, a localização é essencial, pois em localizações estratégicas – onde há sinergias – a inovação se desenvolve de forma mais fluida. Assim, os territórios deixam de ser apenas um recorte e passam a ter uma participação mais ativa no conjunto das decisões, uma vez que neles agrupam-se condições, programas e políticas, mão de obra especializada e mentes científicas. Por meio do Atlas, pode-se notar que os ativos que promovem o desenvolvimento da pesquisa e da inovação tendem a se concentrar em pontos e localidades específicas do território, sobretudo naqueles com maior dinamismo socioeconômico.

    Rodolfo Finatti pesquisador no Observatório da Indústria

    Complementarmente, um dos aspectos mais relevantes mapeados diz respeito aos habitats de inovação, que podem ser caracterizados como ambientes mais propícios – ou vocacionados – à pesquisa e ao desenvolvimento científico. As instituições de ensino superior, em primeiro lugar, congregam investimentos públicos, laboratórios, grupos de pesquisa e mão de obra especializada. Ao redor das universidades, muitas vezes, nasce uma constelação de empresas startups originadas de pesquisas iniciadas dentro da instituição. Um exemplo disso está em Campinas, onde é conhecida a trajetória das 815 empresas-filhas, chamadas de “filhas da Unicamp”, que já geraram mais de 31 mil empregos. Essas startups estão concentradas 62,4% em Campinas e sua região metropolitana; e 86,4% no estado de São Paulo[2].

    Outros tipos de territórios são os clusters produtivos. Mesmo que em menor número, eles também têm seu destaque nos mapeamentos do Atlas da Inovação e oferecem a sustentação – infraestrutura, incentivos e proximidade com outros ativos inovadores – para que uma empresa possa dar os primeiros passos. São três tipos: (1) Parques Científicos e Tecnológicos, que têm o objetivo de fomentar um ambiente ajustado para a instalação e manutenção de empresas com potencial inovador e startups, bem como agregar outras empresas parceiras; (2) Incubadoras, formadas para o recebimento de iniciativas e startups em seus primeiros anos de atividade (normalmente dois a quatro anos); e (3) Aceleradoras, com a finalidade de acompanhar e acelerar a empresa após a período de incubação.

    Diferentemente de segmentos tradicionais, em que a padronização já é completa, e mesmo com toda a evolução recente das ferramentas de comunicação e o crescimento do trabalho remoto, os ativos que assinam pelas patentes ainda não se espalham de maneira uniforme pelo território nacional. Como se pode verificar por meio do Atlas, tendem a se concentrar em regiões específicas, onde são reunidas vantagens competitivas representadas por custos mínimos de produção e transporte, qualidade de mão de obra, níveis salariais e isenções de impostos – na visão clássica de clusters –, além de congregar infraestrutura laboratorial, políticas e programas de governo, equipamentos urbanos mais sofisticados, empresas com disposição para inovar, densidade informacional e de estabelecimento de redes de contatos e intercâmbios, bem como pesquisadores qualificados.

    Em uma consulta básica aos dados do Atlas da Inovação, pode-se constatar que os maiores níveis de concentração geográfica dos ativos ocorrem nas capitais estaduais. Nos ambientes de inovação, essa concentração chega a 66%, ao passo que 46% das empresas com potencial inovador e startups se encontram nas capitais. Em uma perspectiva regional, ambientes de inovação estão 61% no eixo Sul-Sudeste (ou que poderíamos chamar de Região Concentrada) e apenas 22% no Nordeste. Para empresas com potencial inovador e startups, a concentração é muito expressiva: 83% do total estão no eixo Sul-Sudeste.

    Para aprofundar essa abordagem, que deve ser considerada estratégica para o fomento da CT&I, um caminho é ampliar o entendimento do papel relevante da proximidade geográfica e das regiões que agregam os ecossistemas onde se desenvolve ciência, tecnologia e inovação. Para além de um recorte regional, essas áreas devem ser consideradas como um fator de unidade, sustentando políticas industriais e uma escolha orientada de investimento e ações.

    A iniciativa do Atlas da Inovação, acompanhada de seus objetivos, números e maior detalhamento, bem como do acesso à plataforma, pode ser visitada no site do Portal da Indústria.

    [1] CNI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS. Atlas da Inovação. (Plataforma online). Disponível em: https://atlasdainovacao.com.br/. Acesso em: 14 ago. 2024.

    [2] INOVA - AGÊNCIA DE INOVAÇÃO DA UNICAMP. Empresas-Filhas da Unicamp. (Painel). Disponível em: https://www.inova.unicamp.br/empresas-filhas/. Acesso em: 14 ago. 2024.

    Rodolfo Finatti
    Pesquisador do Observatório da Indústria da FIEC, especialista em Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

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