Fique por Dentro

A cultura de produtos na transformação digital

Todos nós que já trabalhamos com projetos tivemos nossas dificuldades ao gerenciar a expectativa sobre nossas entregas e, principalmente, sobre a entrega final do nosso projeto.

Imagine, então, colocar no mindset dos nossos stakeholders que aquilo que ele pediu “pode não ser viável”! É de dar arrepio, não é mesmo?!

Tentar implantar uma cultura de produtos em uma empresa tradicional, e especialmente em empresas que não são essencialmente de tecnologia, certamente será um dos maiores desafios da sua vida profissional; no entanto, tão grande quanto esse desafio será seu crescimento pessoal e profissional ao conseguir vencê-lo.

Ao longo da minha jornada profissional, a transformação digital sempre esteve presente, de modo que observei algumas iniciativas que deram muito certo, e outras que nem tanto. Sendo assim, gostaria de compartilhar aqui esse conhecimento e ajudar a todos que estão nesse desafio.

Ao estudar a comunidade de produto no Brasil, a Brain & Company, uma consultoria mundial, observou que metade desses profissionais estão trabalhando em empresas com mais de 500 funcionários.

É válido dizer que, quanto maior a empresa, maiores são os desafios de comunicação. E, quando falhamos em gerenciar as expectativas, isso terá impactos significativos na percepção de valor das nossas entregas.

Começar mapeando e estabelecendo canais de comunicação é de suma importância, porém não podemos esquecer da padronização de tudo o que é veiculado por esses canais, e, para tal, precisamos saber coletar, ler, interpretar e replicar informações de forma compreensível para cada tipo de stakeholder envolvido em seus produtos.

Não há barreira que resista a uma demonstração clara de retorno positivo sobre qualquer investimento realizado. Os números contam histórias, sejam elas positivas ou não; então, cabe-nos entender o que gera valor aos nossos stakeholders e definir métricas claras e objetivas, para que sua veiculação aconteça, deixando claro o quão positivo (ou não) seus produtos estão sendo.

Isso é válido para todo o ciclo de vida de um produto, que começa em sua concepção, por meio da qual vamos entregar um MVP, passa pelo seu lançamento e permanece durante toda sua operação, o que se mostra tão importante quanto qualquer outra etapa no momento de decidir se vale a pena descontinuar algum produto ou “pivotar”.

Cada trade off envolvido nesses processos utilizará suas informações para acontecer; portanto, é notória a importância da comunicação clara e constante, pois ela responsabilizará alguém tanto pelo sucesso quanto pelo fracasso. Implantar uma cultura nova, seja ela qual for, não é uma tarefa fácil, mas sensibilizar todas as pessoas envolvidas é sempre o melhor caminho.

Em outra pesquisa, dessa vez feita pela McKinsey, que analisa aspectos culturais e organizacionais no processo de transformação digital, evidencia-se um déficit significativo quando se trata de proficiência em Analytics e Digital e dos talentos dessa área:

Busque comunicar-se bem, nos canais corretos, de forma assertiva e com informações verdadeiramente relevantes – e durante todo seu processo, não apenas em entregas significativas. Isso o ajudará muito nesse desafio cultural. A jornada de aculturamento é extensa e árdua, e não termina na comunicação; definitivamente, não. Ela apenas começa ali.

Quando falamos em comunicação, devemos ter em mente que temos dois públicos: o interno e o externo. Ambos possuem suas peculiaridades e precisam ser abordados de formas diferentes. Hoje conversamos apenas sobre o público interno, para conseguirmos vencer a barreira de implantação de uma cultura de produtos. Mas analisar o comportamento do público externo, e se comunicar bem com ele, tem o mesmo peso, e eventualmente até maior do que fazer isso internamente, merecendo uma análise isolada.

Aqui no Observatório da Indústria convivemos constantemente com desafios de comunicação, afinal somos mais de 70 pessoas envolvidas e espalhadas pelo mundo inteiro! Ainda contamos com aproximadamente 1.600 colaboradores no Sistema FIEC, que também precisam se comunicar de alguma forma. Por conta disso, o desafio é diário, mas não é por acaso que nosso lema é: Conhecer para cooperar. Cooperar para desenvolver!

Por Dennis Cardoso – Gerente de Produtos do Observatório da Indústria - Sistema FIEC